As doenças sexualmente transmissíveis levam a uma série de implicações no tratamento da doença. Pois não é muito fácil o paciente, em uma anamnese, relatar perante o médico que tem uma DST. Além disso, há valores morais vigentes ou não vigentes, então o paciente muitas vezes não se sente à vontade, dependendo do tipo de atendimento que lhe é oferecido. A importância desse fato, é sua relação com a incidência, ou seja, a incidência tem uma relação direta com a moral da sociedade. O doente é encarado ou encara a si próprio, como portador de uma doença vergonhosa, muitas vezes fugindo de um tratamento correto junto aos médicos ou aos serviços de saúde. A liberdade sexual do pós-guerra, incrementada pela possibilidade mínima de gravidez com o uso da pílula anticoncepcional, contribuiu muito para o aumento dos casos das DSTs. A homossexualidade masculina é também um fator de grande contribuição para o aumento das DSTs.
Hoje
em dia, quando se fala em DST, deve ser mencionado também 4 pontos
básicos que serve para o tratamento de qualquer doença:
- Magnitude: é a incidência, prevalência e distribuição de uma doença.
- Transcendência: quando uma doença abre a possibilidade de instalação de outra doença.
- Vulnerabilidade: é relativo a tratamento ou o modo de intervenção de uma doença.
- Factibilidade: possibilidade de ser feito.
Controle:
-
Objetivos:
- Quebrar a cadeia epidemiológica de uma doença;
- Curar sem recidivas;
- Tratar os contactantes.
-
Estratégias:
- Diagnóstico e tratamento de todos os casos identificados;
- Medidas profiláticas, como uso do preservativo.
As
duas grandes causas de corrimento são Gonorréia e Chlamydia. Nos
Estados Unidos, em que há notificação das DSTs, observou-se que a
DST mais comum é a Chlamydia; superando a Gonorréia. Até alguns
anos atrás nos Estados Unidos, a Gonorréia era uma das doenças
mais comuns, perdendo somente para gripe.
Um
paciente que chega com uma lesão ulcerativa no pênis, é importante
fazer um diagnóstico diferencial desta lesão. Neste caso, podemos
pensar em quais doenças? No herpes, sífilis, cancro mole e
linfogranuloma venéreo. Todas estas lesões podem se exteriorizar
com uma lesão ulcerativa seja no pênis ou na vagina. Porém devemos
ainda fazer alguns questionamentos para eliminar essas
possibilidades, ficando somente com uma. São varias feridas ou uma
só? Ardeu? Você já teve mais de uma vez? São perguntas que devem
ser feitas na anamnese, para eliminar a primeira suspeita herpes.
Caso seja confirmado o diagnóstico de herpes, já se parte para o
tratamento que seria o Aciclovir. E caso não seja herpes, fazemos
Azitromicina para tratar o cancro mole e o linfogranuloma venéreo.
Nos casos de corrimentos uretrais por gonorréia, o tratamento mais
atual é Ofloxacina 400mg dose única. Para corrimentos por
Chlamydia, é indicado o uso de Azitromicina.
Slide
1: Gonorréia
Como
já foi mencionado, a Gonorréia é a segunda DST mais comum, somente
superada pela Chlamydia. O tempo de incubação da Gonorréia é
rápido, mais ou menos de 2 a 3 dias. Aproximadamente 48hs após a
relação sexual suspeita, o indivíduo começa a apresentar prurido,
disúria e o aparecimento de um transudato que rapidamente se torna
um exsudato purulento. Alguns casos em que não há tratamento, podem
surgir complicações como: prostatite, artrite gonocócica e
menigite gonocócica. O diagnóstico é feito pelo bacterioscopia
corado pelo gram. Atualmente, como está se utilizando mais o
tratamento sindromico, pelo custo-benefício, não se usa quase a
bacterioscopia.
De
acordo com livro de Dermatologia do Azulay:
- Gonorréia:
Quadro
Clínico:
No homem, sinais e sintomas surgem, em média, dois a cinco dias após
o contágio (podendo variar de 1 a 15 dias). O início é repentino,
com “formigamento” ou prurido intra-uretral e/ou disúria,
seguidos de fluxo uretral mucopurulento, espesso, abundante,
amarelo-esverdeado.O meato uretral torna-se edemaciado e eritematoso.
Nas
mulheres, somente 10-20% apresentam o quadro clínico agudo, com
corrimento abundante, espesso, amarelo-esverdeado, produzindo quadro
de vulvovaginite. Em geral, são frustos, traduzindo-se apenas por
endocervicite ou uretrite com sintomas relativamente inespecíficos.
Disúria, urgência urinária, sangramento menstrual alterado e, por
vezes, secreção amarelada não raro são erroneamente atribuídos a
outras causas que não à gonorréia.
Complicações:
No homem: prostatite, epididimite e orquite. A orquiepididimite
gonocócica é causa mais freqüente de infertilidade masculina.
Na
mulher: Doença inflamatória pélvica e bartolinite.
Oftalmia
*
Oftalmia
gonocócica:
Nos recém-nascidos, a contaminação se dá mais freqüentemente
durante o canal do parto. Cerca de sete dias após o contágio surge
secreção, inicialmente serosa, que, em dias, evolui para purulenta,
acompanhada de edema palpebral. Normalmente é bilateral e, se não
for tratada imediatamente, pode determinar cegueira.
A
profilaxia da ophthalmia
neonatorum
é feita de rotina em todo neonato, com a instilação, nos olhos, de
nitrato de prata a 1% ou vitelinato de prata a 10%.
Cancro Mole
Agente
Etiológico:
Haemophilus
ducreyi
Quadro
Clínico:
Após o período de incubação de um a quatro dias, surge a lesão
inicial (mácula, pápula, vesícula ou pústula), que rapidamente
evolui para ulceração. Inicialmente única, logo se reproduz por
auto-inoculação na vizinhança. As lesões ulceradas são
dolorosas, com bordas irregulares, talhadas a pique, fundo purulento
e anfractuoso, com base mole. O bacilo tem predileção por pele e
semimucosas, sendo raro o acometimento de mucosas. No homem, acomete
principalmente prepúcio e o sulco banaloprepucial, e, na mulher,
grandes e pequenos lábios, fúrcula e colo uterino.
Em
comparação com a sífilis, o cancro mole possui o tempo de
incubação mais rápido, apresenta lesões múltiplas, diferente da
sífilis que tem uma única lesão, e além disso o cancro mole é
doloroso e tem fundo sujo. O cancro mole, muitas vezes, tem uma
adenopatia inguinal que costuma fistulizar por apenas um orifício. O
linfogranuloma venéreo também tem uma adenopatia inguinal, por este
motivo é importante o diagnóstico diferencial.
Tratamento:
Azitromicina 1g V.O. – dose única.
Diagnóstico
diferencial entre Cancro Sifilítico e Cancro Mole:
- Livro de Dermatologia-Azulay.
Cancro Sifilítico |
Cancro Mole |
Período
de incubação longo (21 a 30 dias).
|
Período
de incubação curto (1 a 4 dias).
|
Geralmente
lesão única.
|
Geralmente
lesões múltiplas.
|
Erosão/Exulceração.
|
Ulcerações.
|
Borda
em rampa.
|
Bordas
talhadas a pique.
|
Fundo
limpo e liso.
|
Fundo
sujo, purulento e anfractuoso.
|
Indolor.
|
Doloroso.
|
Base
dura.
|
Base
mole.
|
Involui
espontaneamente sem deixar cicatriz.
|
Não
involui espontaneamente e cura com seqüelas.
|
Adenopatia
constante, indolor, múltipla, dura e aflegmásica.
|
Adenopatia
em 30 a 50% dos casos, dolorosa, unilateral, supurativa,
fistulizante através de orifício único.
|
Linfogranuloma venéreo
Etiologia:
Chlamydia
trachomatis
Quadro
Clínico:
O período de incubação varia de três a 32 dias, após o que surge
papulovesícula ou pequena erosão, que geralmente passa
despercebida, pois cicatriza em poucos dias. A localização
preferencial é na genitália externa.
Manifestações
gerais, como febre, cefaléia e prostração, podem surgir
concomitantemente ao envolvimento do linfonodos, uma a três semanas
após a lesão inicial.
Devido
a diferenças na drenagem linfática regional, a doença evolui de
maneira distinta nos dois sexos. No homem, surge adenopatia inguinal
subaguda, dolorosa, geralmente unilateral, recoberta por eritema.
Ocorre fusão de vários gânglios, formando uma massa volumosa,
conhecida como bubão ou plastrão, que sofre amolecimento (necrose)
em vários pontos e leva a múltiplas fistulas, lembrando o aspecto
de “bico de regador”. O processo pode estender-se à área
circunvizinha. O sinal de depressão que ocorre, em geral, em homens,
devido à peculiaridade de drenagem linfática regional, é causado
pelo ligamento de Poupard. Estará presente quando a prega inguinal
dividir a massa de gânglios.
Na
mulher, a regra é a infecção localizar-se nos gânglios ilíacos
profundos ou perirretais. Portanto, o diagnóstico é feito mais
tardiamente. Além da adenite, podem ocorrer vulvovaginite,
exocervcite, uretrite, proctite, retite, abscessos, ulcerações,
fistulas, vegetações e elefantíase. A elefantíase de vulva,
períneo, pênis e escroto representa uma complicação tardia rara.
Tratamento:
Azitromicina 1g V.O.- Dose única. Repetir 10 dias após.
Donovanose
Etiologia:
Calymmatobacterium
granulomatis.
Quadro
Clínica:
O período de incubação é bastante variável e oscila entre 3 e 90
dias. A lesão inicial é papula, nódulo ou pústula que rapidamente
se ulcera, tornando-se lesão ulcerovegetante. Por auto-inoculação,
surgem lesões satélites que confluem, formando grandes lesões.
Estas são indolores, de crescimento lento e progressivo.
Inicialmente o fundo da lesão é cor de carne e recoberto por
secreção serossanguinolenta , enquanto, nas lesões antigas, a
secreção é seropurulenta, de odor fétido. As bordas são
irregulares, elevadas, induradas e bem delimitadas.
A
localização inicial, em ambos os sexos, é genital na maioria dos
casos, seguindo-se as regiões inguinal, anal, oral e glútea.
Tratamento:
Doxiciclina 100mg de 12/12h – V.O.
*
Observação:
O professor de dermatologia descreveu basicamente estas quatro
doenças acima. Houveram outros slides, porém a grande maioria foram
repetições do que já se tinha explicado. Por este motivo, a
distribuição em quatro slides e não em mais.
Postar um comentário